quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Angústias do mundo

Ao olhar-me no espelho a minha imagem neutra não revela quem eu sou. Se fui homem ou se fui bicho. Um bicho que nunca amou. Se fui homem, um sonhador. Não fui nada revela a dor.
Se o homem vale o que come, eu não valho nada nessa terra de gente insana Onde a justiça é desprezada. Encolho-me nas sombras dos prédios gigantes e faço orações ao Deus para que tenha piedade de mim. A noite parece não ter fim.
Os ratos esperam minha dormência para roer-me as roupas velhas, rasgadas e cheias de mofo..
Ouço o silêncio da cidade, o choque dos olhares perdidos e assustados, os gritos das bocas cansadas e nessa hora desejo morrer, mas tirar a minha vida não seria a solução.
A realidade que mais me dói é que eu valho menos que um cão que tem ao menos os pêlos para aquecer-se na noite fria.
Mas agora só resta levantar-me e começar tudo de novo. Caminhar para outro lugar
Sem saber de onde sair e aonde chegar. Com fome, sede, desonra e angústia de um peito de homem que não é homem, sem vida, sem nome, sem trabalho, sem nada. Um monstro solitário sem ninguém pra aterrorizar.
As lágrimas caem constantemente o que em faz acreditar que ainda sou gente.
Gente da pior espécie. Gente desumana.
Por onde passo as pessoas me olham como se eu fosse o inimigo, mas elas não sabem que os piores inimigos estão dentro de si e eu era apenas um espelho. Mesmo assim elas olhavam com um olhar condenador que ardia em minha pele. Que doía em meu peito. Que me afundava mais ainda no poço.
E naquela escuridão, o sol entrou sem pedir licença e seu flexes de luz queimaram minha retina.

Um comentário:

  1. nesse poema tento demostrar a revolta que sinto a respeito dos mendigos, pois o governo nunca se propôs a ajudar essas pessoas que não têm outro apoio a não ser o de Deus!

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