sábado, 30 de janeiro de 2010

No banco da praça

A praça era a mesma. As árvores, as mesmas. As pessoas, as mesmas também. O vento, um pouco mais forte, porém, não deixou de ser o mesmo. O céu continuava estrelado. As estrelas cintilavam com a mesma intensidade e a lua continuava sorrindo. Até os atrofiados e pequenos frutos e folhas caíam no mesmo lugar, sobre nós.
A vida era a mesma, não havia motivo para mudar. Quem podia fazer isso naquele momento deveria estar contemplando algo que nasceu de uma grande onda de criatividade. Devia estar organizando o universo ou mergulhando nas profundezas do universo marítimo.
Mas algo fugia à sincronia universal, à dança ritmada dos astros. Algo tão intimista tão profundo, obscuro e sóbrio. Algo que se manifestava dentro de nós. Algo desconhecido que vamos descobrindo a cada segundo, cada palavra, cada passo onde se acendia uma luz que nos revelava que nós éramos os únicos fora do eixo. Os únicos desconhecidos. Os únicos que tinham um olhar opaco, um sorriso em preto e branco. Entonações não ensaiadas que fugiam ao roteiro original, imaginado. E se isso estivesse na rubrica da primeira página que arranquei pra te fazer um coração de papel e infelizmente neste mesmo dia choveu. E agora não temos mais como ler esse papel, foi desmanchado. Seguiremos o texto pra saber o final? Ou paramos por aqui para evitarmos surpresas? Vamos continuar. Quem sabe a última página esteja em branco e caberá a nós escrever o nosso final. Caberá a nós fugir da corda bamba que é a vida. Esquecer o que foi dito e enganar o destino.

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